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Star Wars e a força feminina

Um dos meus presentes de Natal foi ir ao cinema no dia 25, assistir a Star Wars. Não sou fã incondicional, mas fico encantada com as sutilezas presentes em todos os filmes da série, com a tecnologia e com a música, marcante e expressiva. E assim, ao começar a digitar, acesso a Rádio Cultura e, como para me inspirar no Programa, chamado Super 8, nada menos do que todas as músicas da saga estão sendo reproduzidas, como se quisessem me convidar a colocar na tela todos meus sentimentos. E assim, cedo ao convite e inicio essa breve reflexão…

Vários aspectos me chamaram a atenção, mas não tenho a pretensão de discorrer sobre todos e sempre que escrevo após assistir a um filme, é que, de alguma forma, esses pontos conversaram com a minha alma.  No entanto, são só pontos de vista, talvez compartilhados por alguns e nem mesmo observados por outros.

O maior e mais importante aspecto que observei ao assistir Star Wars – o Despertar da Força foi o próprio despertar da força. Quem diria que seria uma mulher, a protagonista Rey, quem seria responsável pelo despertar da força? Ray descobre a força nela mesma, sem nenhum treinamento, apenas pelo reconhecimento de sua missão e pela firmeza de sua mente nos seus valores mais profundos, mais verdadeiros.

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Tudo começa quando ela resolve “cuidar” do dróide aprisionado e liberta-o, “acolhendo-o”. Depois, apesar de sentir fome, não o vende, não o negocia e se mantém firme aos seus valores. Sua “intuição” não permite que seus valores sejam traídos.

Reconhece sua força quando se posiciona contra “o lado negro”. É uma “guardiã” de um segredo, cuja importância reconhece como sendo vital para um povo que se posiciona a favor da paz.

Quando atrai e luta com o sabre azul (que era de Luke) reconhece mais uma vez sua força, que está dentro dela e a serviço de algo maior. Por fim, sabe que o sabre não é dela e o retorna a seu dono, sendo a grande mensageira deste novo momento a ser construído.

Faço essas reflexões, a partir de todos os ensinamentos e do livro Visão Gestadora, escrito por Ramy Arany, mestra que me orienta a olhar para o feminino de forma diferenciada, permitindo a profundidade desta reflexão.

Se todas nós, mulheres, reconhecêssemos essa força em nós, quantos problemas seriam minimizados? Quantos problemas de autoestima seriam vencidos? Quantas decisões prejudiciais à vida e ao planeta seriam evitadas?

No entanto, interessante observar que, na dualidade em que vivemos ainda o feminino é desprezado, manipulado, subjugado e, com ele, toda força que poderia levar-nos a um mundo mais humano, gentil, forte e acolhedor.

Não expresso, nesse momento, nenhuma postura feminista, mas apenas constatações de um ser feminino com 58 anos, portanto vivida e com marcas de um passado onde as mulheres ainda eram vítimas (e ainda são) de agressões masculinas, tanto físicas quanto verbais e emocionais.

Peço licença para compartilhar um caso pessoal: ainda esta semana, dezembro de 2015, para ser respeitada por um “profissional”, que fez uma pequena reforma em um apartamento, a meu pedido, precisei ir acompanhada por um homem. Este “profissional” começou a me ameaçar e, assim que me viu com um homem ao lado, comportou-se de outra forma, mais comedida e cuidadosa.

Assim como essa experiência, vivi outra muito mais estarrecedora, com “profissional” da área, ao qual confiava, mas a inexistência de valores e escrúpulos é até agora sentida. E nesse momento não posso deixar de lembrar uma das partes mais emocionantes de Star Wars, quando o personagem que personifica o lado negro da força mata seu próprio pai. A total falta de reconhecimento por quem lhe deu a vida. E assim, a ficção traz à tona as sagas que experimentamos todos os dias, com a falta de reconhecimento e respeito.

Por outro lado, essas sagas também ajudam a relembrar que a força está em nós e que os heróis não são apenas homens, mas, como na mitologia, deusas e deuses caminham juntos com seus papéis, ou seja, homens e mulheres precisam aprender a lidar com suas respectivas forças.

Essa força será reconhecida na media em que estejamos conectados realmente com nossa missão. Foco e conexão com valores verdadeiros sempre serão precisos, porque o lado negro da força está sempre presente nos pequenos grandes vilões do dia a dia.

No entanto, parece caber ao feminino, nesse momento histórico, o lugar de mensageiro, o lugar de despertar a força. Para isso, o condutor é algo além do material, que nos coloca a serviço de uma causa maior do que nossa própria individualidade, maior do que nossos medos.

Este é um chamado que percebi nesse filme, colocado de forma sutil, que se conecta a todo aprendizado que desenvolvo há anos.

Com certeza poderia continuar tecendo algumas reflexões sobre esse filme, mas, a última e não menos importante é o quanto a felicidade está nas pequenas grandes coisas do dia a dia. Assistir a um filme no dia de Natal, um presente simples, que traz reflexões profundas.

Ainda como complemento a esses pequenos e simples momentos, acabo de escrever essas linhas e tenho no colo um lindo gato tigrado de olhos verdes, Tzil, ronronando alto, pedindo apenas um pouco de atenção e carinho.

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E assim, o simples e o complexo conversam na profundidade da vida, para despertarmos nossa força de “ser”.

Expectativa e alinhamento

Desde pequenos lidamos com esse sentimento tão presente: expectativa. Esperamos o domingo, o presente, o Natal, a Páscoa, o aniversário, o(a) amiguinho(a), as notas da escola, entre tantas outras coisas. Quem não se lembra da gostosa ansiedade que todas essas expectativas geravam quando éramos crianças?

Crescemos e a expectativa continua a nos perseguir impiedosamente, mas há uma diferença: quando éramos crianças usávamos o recurso de esperar que alguém a satisfizesse para nós. Como adultos, damo-nos conta de sermos os atores da nossa própria existência, portanto responsáveis por nossas expectativas.

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Boa ou ruim essa descoberta? Para alguns, ótima, para outros, péssima. Ótima, para quem entende que ter uma expectativa é desafiar-se para ir ao seu encontro, fazer a escolha do ônus e do bônus e pagar o preço correspondente. Péssima, para quem prefere colocar nas costas do outro sua vida e responsabilidades, reclamar pelo que acha que tem direito sem se esforçar.

Ter expectativas é sonhar e, tanto em um caso como no outro, dá trabalho, precisa construir a realidade e, acima de tudo, entender que, por vezes, as expectativas estão relacionadas a outras pessoas ou situações, nem sempre previsíveis, muito menos passíveis de serem definidas e determinadas de forma independente e mandatória.

Assim, há que se ter boa dose de flexibilidade para alinhar as expectativas com as pessoas e situações a elas relacionadas. E alinhar significa entender qual a expectativa da outra pessoa ou das outras pessoas e estabelecer pontos em comum que possam se tocar e entrelaçar, de forma a tornar viável a expectativa sonhada. Alinhar é, então, colocar na mesma linha, na mesma dimensão, sonhar o mesmo, direcionar esforços na mesma direção.

Na empresa, alinham-se as expectativas com os líderes, diz-se o que se espera e ouve-se o que é esperado e conduz-se a força de trabalho para a direção estabelecida de comum acordo. Em casa, com os companheiros e filhos, outro exercício importante: entender e falar sobre expectativas, para viver e construir o relacionamento na mesma direção. Com amigos, só mesmo um bom alinhamento sustenta a diversidade de sonhos, unidos sempre com o elo forte e verdadeiro da confiança.

Com isso, observa-se que há expectativas viáveis e outras não. Existem expectativas que dependem apenas da pessoa e outras que precisam da participação de outros, mas todas, sem exceção, ainda produzem o mesmo sentimento que tínhamos como criança, a boa ansiedade, o stress produtivo, onde recursos, esforços, pensamentos e emoções para elas dirigem-se, ao mesmo tempo em que uma tênue vibração de felicidade percorre o corpo, como uma excitação pela quase certeza da sua realização.

Assim, expectativas, alinhamento e felicidade fazem parte do mesmo cordão cíclico e que, em movimento, circunda e colore a vida.

40 anos ou mais experiência que interessa

Chegar aos 40 anos é um marco na vida de homens e mulheres. A idade simbólica da maturidade também traz consigo um momento de reflexão profissional. No Brasil, 35% da população tem 40 anos ou mais e representa o núcleo forte dos considerados economicamente ativos.

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Para Fátima Motta, professora dos cursos de férias, MBA e pós-graduação da ESPM, em São Paulo, profissionais seniores estão vivenciando uma fase de melhora significativa no mercado.

“A experiência profissional daqueles com mais de 40 é interessante para os empregadores”, comenta a professora.

Leia mais aqui.

 

 

Como mudar de emprego em 2014

Pesquisas mostram que mais de 80% das pessoas desejam trocar de trabalho neste ano. A reportagem da ISTOÉ ouviu especialistas em recursos humanos, coaches, psicólogos e consultores profissionais que mostram como fazer essa transição com segurança. Entre eles, Fátima Motta deu algumas dicas de como fazer a mudança de emprego da melhor forma possível.

Perder o foco durante a mudança também é muito comum, e uma pessoa de fora consegue perceber esse distanciamento do objetivo inicial com mais clareza”

Fátima Motta, sócia-diretora da FM Consultores.

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Confira o resumo das dicas de como mudar de emprego em 2014:

1. Crie um cronograma

2. Procure um mentor

3. Invista em qualificação de curto prazo

4. Use a internet como sua aliada

5. Mantenha ou melhore a produtividade no emprego atual

Confira todas as dicas aqui.

Carreira: planejamento da gravidez

O momento de trocar as reuniões de equipe no escritório por fraldas e noites em claro é cada vez mais repensado pelas mulheres. Com o crescimento constante da participação feminina no mercado de trabalho e o consequente aumento de suas atribuições, muitas têm adiado a gravidez com medo de prejudicar a carreira.
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Ter um filho não significa deixar o emprego ou deixar de ser produtiva. Mas, para isso, ela precisa se sentir segura na profissão e no relacionamento. Não é só o olhar financeiro, mas um equilíbrio.
Fátima Mota, sócia-diretora da FM Consultores.
De acordo com Fátima, que é professora na área de gestão de pessoas na ESPM e na FIA-USP e estuda o assunto há mais de duas décadas, abandonar esse lado da vida em detrimento da profissão pode ser um passo ruim. “Corre-se o risco de investir toda a vida na carreira e resolver ser mãe em uma fase em que já está sem paciência para cuidar de uma criança. É importante entender que há tempo pra tudo”.
Qual é o momento certo? Quais cuidados devem ser tomados para não colocar em jogo as conquistas profissionais? Confira!

Desenvolver o olho bom… que arte!

Já há alguns anos que trago, nos cursos de liderança, palestras e coachings que dou, o que entendo sobre “olho bom” e a importância do gestor desenvolvê-lo, o que causa profunda reflexão e a consciência da necessidade de desenvolvê-lo. Mas, o que é “olho bom”?

É a forma acolhedora e positiva que podemos olhar para as pessoas, situações e fatos que nos cercam diariamente. Há pessoas, pelo contrário,  que cultivam o que eu chamo de olho ruim. Sempre negativas, vêem o pior, enroscam nos defeitos das pessoas e cultivam a arte de reclamar.

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O ponto importante em relação a esse aspecto é que o olhar interfere diretamente nas escolhas. Se eu tenho olho ruim e escolho relacionar-me com o pior do outro, uma das consequências é uma fala negativa, pessimista e conflituosa. Se eu desenvolvo o olho bom, escolho relacionar-me com o melhor da outra pessoa e a fala será positiva, otimista e harmônica. Olho bom não é óculos cor-de-rosa. Olho bom é a capacidade de enxergar o que é preciso, tanto o que é bom como o que não é e agir de forma positiva para o objetivo estabelecido, para o propósito que se quer construir.

O olho ruim, diante de uma situação difícil, torna-a ainda mais pesada e impossível de ser resolvida. Culpa pessoas, situações e atribui ao ambiente a responsabilidade seja lá do que for, impossibilitando qualquer escolha efetiva de ação e proatividade.

Desenvolver o olho bom é crucial para qualquer pessoa e, em especial, para líderes, uma vez que é esse olhar que possibilita analisar situações, pessoas, cenários, concorrência, fornecedores, de forma a construir e não destruir. O olho bom constrói relacionamentos maduros, saudáveis e produtivos. Possibilita uma fala assertiva e efetiva.

No que se refere mais diretamente à gestão, um líder com olho bom é capaz de alocar seus colaboradores em trabalhos e projetos onde sua competência seja potencializada, porque é capaz de enxergá-la. O olho ruim só vê os defeitos e problemas, portanto trata de aponta-los com frequência, o que torna os colaboradores inseguros e fixados no seu pior. Ou seja, é impossível enxergar as competências.

O líder que tem olho bom apresenta fala positiva e inspiradora. Quando dá um feedback enfatiza o que há de melhor no colaborador, as  contribuições efetivas, sem deixar de apontar as oportunidades a melhorar. A diferença está na forma: um aspecto a corrigir, para um líder que tem olho bom, por exemplo, é realmente  um ponto de atenção a ser trabalhado. Para o líder que tem olho ruim, a falha terá contornos ampliados. O líder com olho bom reconhece a transitoriedade dos sistemas, desenvolve flexibilidade e adapta-se ao novo. Já o líder de olho ruim tende a ser reativo, contrário ao novo, prendendo-se ao que não traz valor efetivo, mas que, consciente ou inconscientemente, coloca-o numa zona de conforto.

No entanto, falar é fácil. O difícil é construir esse olho bom. Para tanto, a consciência precisa estar sempre alerta, sempre atenta aos pensamentos, ao direcionamento do olhar e, caso escorregue para o pior, resgatá-lo. Treinar o olhar constantemente para ver o que há de bom nas situações, o que há para aprender, o que há de curioso e desafiador é a saída.

E assim, para começar, o primeiro passo sempre é fazer-se uma pergunta: como está meu olhar hoje? Como quero que esteja?

Reflita e construa o seu melhor, para enxergar nos outros também o que há de melhor.

A liderança frente à educação que nunca termina

liderança-educação-continuadaTempos de mudanças, instabilidade e muita novidade, com gerações diferentes convivendo em um mesmo espaço e líderes que tentam, experimentam, duvidam, acreditam, lideram e são liderados. Vivemos na era do simples e do complexo, das transformações, da não linearidade, do sistêmico, do gestacional, do antigo e do novo, da impermanência, da fragmentação, da liquidez de Zygmunt Bauman, o autor de Modernidade Líquida (Editora Zahar, 2001)

Como acompanhar tudo isso? Como “dar conta” das aceleradas do conhecimento? Como estar preparado para vibrar junto, correr ao lado, ir além? Como trazer o novo para o dia a dia, como um ciclo que se mistura ao anterior ou  das ondas do mar que trazem a nova rebentação a partir de águas passadas?

Desafios, medos, impulsos, força, segurança, conhecimento e reconhecimentos se misturam em um grande espaço, onde flutuamos, ancoramos, vivemos… É o espaço da vida. Durante estes jovens e tumultuados 2013 anos, fragmentamos a educação e nos acostumamos com os estudos realizados em um período normalmente associado à falta de conhecimento ou à imaturidade da juventude.

Como consequência, cada vez mais a educação passou a ser paralela à própria vida e delimitada a um determinado campo de conhecimento, com a data de término definida por formações acadêmicas. O mesmo aconteceu, erroneamente, com a formação de líderes, ou seja, o fato de participarem de um ou dois programas de liderança e de exercerem a função durante um determinado período, conferiu-lhes, durante muito tempo, a falsa ideia de que estavam preparados para essa função sagrada.   Entendemos, assim, esse sacro ofício, uma vez que ser líder é ser responsável diretamente pelo desenvolvimento da humanidade. São os líderes que conseguem conduzir pessoas e equipes para outro nível de desenvolvimento.

É bem verdade que essa condução pode trilhar caminhos nem sempre benéficos, no caso de líderes nocivos, sem valores ou voltados apenas para seu próprio interesse.  Esses profissionais limitam, tiranizam e reduzem o caminho da equipe. O líder que de fato entende seu papel eleva seus colaboradores a outro patamar ao expandir, potencializar e ampliar o caminho da equipe. Mas, para isso, há de se construir um caminho, longo e profundo, composto de vários trabalhos, experiências e aprendizados  reunidos, e não apenas fragmentos de cursos esporádicos. A vida, as universidades, os cursos, os programas, as vivências e a natureza respondem por essa construção. E é assim que se entende o conceito de educação continuada, uma ferramenta de muita potência para o líder utilizar para si mesmo e para a sua equipe.

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O que é, então, educação continuada?

A educação continuada entende que o aprendizado acontece sempre, a qualquer momento, independentemente de tempo, espaço, idade, sexo, valores ou crenças. Nunca é cedo ou tarde demais para aprender. É algo atitudinal, pois depende da abertura às novas ideias, decisões, habilidades ou comportamentos. Outro aspecto interessante é que a educação continuada não se prende a contextos fechados de escolas e universidades. É a possibilidade de aprender em todas as oportunidades, em numerosos contextos, como no trabalho, em casa, em atividades de lazer, entre outros.

A partir desse entendimento, alguns questionamentos podem compor essa reflexão: cabe às empresas a responsabilidade pela educação continuada por meio das universidades corporativas?; como obter real aproveitamento da educação continuada?; quais as principais ferramentas para a educação continuada?; qual é o papel do líder na educação continuada?

Para responder a essas inquietações, alguns aspectos precisam ser considerados. O primeiro deles é que a educação continuada depende fundamentalmente de  escolhas individuais que enderecem o profissional para um olhar verdadeiro em relação a seus objetivos pessoais e profissionais. Esse é um aspecto desafiador para a maioria dos executivos. Em 22 anos, atuando como consultora e professora, observo certa dificuldade dos profissionais na definição clara de seus objetivos, o que os torna reféns de escolhas que não são feitas por eles. Ou seja, líderes conduzidos apenas pelo status ou pela remuneração custam fazer escolhas adequadas em relação à sua educação, a essa modalidade chamada de continuada. Tendem a participar de programas que a empresa define, sem aproveitá-los na sua totalidade, pela pouca consciência da relação entre eles e suas escolhas pessoais.

Isso significa que o processo de educação continuada começa dentro de cada profissional e não fora. É dentro de cada líder que inicia a escolha de continuar seu processo de educação, por ter consciência das competências que lhe falta para “ser” um líder. Essa característica é encontrada nos buscadores, nos líderes que conseguem entender que nunca estão prontos e que o processo de aprendizagem é contínuo, independentemente das experiências ou cursos que já vivenciaram. Para essas pessoas, auto-observação, percepção dos movimentos do ambiente e do mercado e feedback são indispensáveis. Sabem olhar para si mesmos e para suas necessidades de desenvolvimento e buscam satisfazê-las o tempo todo. Para isso, além da escolha já mencionada, que é de dentro para fora, há a necessidade de foco, plano de ação e atenção muito aguçada.

Mas para que serva a atenção? Ela permite que a educação aconteça sempre, nas mais e menos evidentes situações de aprendizagem. A atenção permite que estejamos abertos a tudo que nos cerca, para fazer da vida um momento de aprendizagem. Sinto que algumas pessoas, lendo esta afirmação, achem-na poética demais, porém afirmo que este pensamento é um imenso engano. Pessoas que se permitem uma postura de eterno aprendiz conseguem desenvolver a educação continuada na prática de forma muito mais objetiva e produtiva. A escolha do melhor programa de pós-graduação, mestrado, doutorado e  cursos de extensão faz parte de um todo que se comunica, interdependente,  e não de algo fragmentado. Pessoas que desenvolvem essa postura são identificadas com facilidade nas salas de aula. São as que têm perguntas interessantes, são presentes nas discussões, nos trabalhos extraclasse, trazem reflexões interessantes e percebem, ao final, que deram um salto significativo na vida profissional e pessoal.

Então, para a primeira reflexão, fica a resposta: não é responsabilidade da empresa a educação continuada do seu executivo. O papel da corporação é disponibilizar ferramentas pelas quais o líder possa se conhecer e reconhecer, tais como avaliação de performance e competência, propiciar ambiente aberto de comunicação para que o feedback aconteça sem dificuldade e programas com conteúdos significativos, complementares e profundos para que possam ser frequentados por escolha individual. Daí a importância de a empresa acompanhar o desenvolvimento de seus líderes e ajudá-los para que esse caminho seja trilhado com persistência e continuidade, com a possibilidade sempre presente de retorno prático das aprendizagens realizadas.

Tal constatação nos leva a uma segunda pergunta: como obter real aproveitamento da educação continuada? Isso acontece a partir da consciência de onde se quer chegar e da aplicação prática dos conhecimentos adquiridos para que resultem em produtos, decisões, ações, resultados, felicidade e preenchimento. Assim, cabe ao líder observar-se continuamente para não desenvolver uma postura de estudante profissional, ou seja, aquele que faz todos os cursos que aparecem, mas não aplica nada. Planejamento da aplicação prática do aprendido faz parte da educação continuada. Nesse sentido, cursos, programas, universidades que mesclam técnicas diferenciadas ajudam nesse processo. Um exemplo disso são os  programas presenciais ou à distância que mesclam coaching individual presencial ou à distância, para auxiliar na eliminação de dúvidas e implementação do conteúdo aprendido. A sustentação do conteúdo apresentado com o direcionamento de textos e livros, após a realização do programa também favorece o aprendizado. O reconhecimento da empresa pela evolução do líder e o espaço para que isso aconteça tornam eficaz e sustentável o processo. Ou seja, líder e empresa, trabalhando em conjunto para a efetiva continuidade da educação potencializam o sucesso desse princípio vital nos nossos líquidos tempos modernos, onde a mudança se impõe a cada momento, exigindo evolução contínua. Quanto mais o profissional entender que nada é fragmentado e que todo e qualquer input pode contribuir para a sua educação que nunca cessa, maior será a possibilidade de trilhar um caminho de real aproveitamento.

Nesse contexto, a primeira e mais reconhecida ferramenta para a educação continuada são o ensino acadêmico, os cursos de MBA, pós-graduação, mestrados e doutorados. Ainda na linha da educação formal encontramos os programas de desenvolvimento de liderança e os cursos de extensão e capacitações distintas da área de atuação. Outra ferramenta muito poderosa é o trabalho realizado em equipe, cujo aprendizado decorre das trocas entre os participantes, principalmente quando se dedicam a projetos dos mais variados.

Ramy Shanaytá, no seu livro, A Natureza Ensina e Ramy Arany, autora do livro Visão Gestadora  (ambas da Editora KVT, 2008), trazem a melhor das ferramentas para a verdadeira educação sustentável e continuada: a observação e a aprendizagem com  princípios, mecanismos e leis da natureza. Cada movimento natural ensina a gestão, a convivência, o relacionamento, o comando e o foco.

Trabalhos mais individualizados como coaching e terapia, guardadas as diferenças significativas dessas duas técnicas – uma mais voltada para o presente e o futuro e a outra, para o entendimento do passado que impacta o futuro -, contribuem bastante para a continuidade do caminho da educação.

Vivências com amigos, familiares, crianças e animais, contatos frequentes e /ou passageiros com pessoas das mais diversas nacionalidades, etnias, valores e crenças, além de toda e qualquer forma artística, pintura, música, dança, canto completam essa lista interminável de ferramentas.

A educação continuada trabalha a formação ampla que interage e integra o ser do líder, auxiliando-o no seu processo de crescimento, em busca de um posicionamento completo e sustentável.

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Qual é o papel do líder?

O saldo disso tudo nos conduz ao último questionamento: qual o papel do líder nesse processo? Quando um líder é responsável pela própria educação que sempre continua, é também um árduo defensor da continuidade da educação dos seus colaboradores. É o primeiro a se colocar favorável perante questionamentos e dúvidas da sua equipe, uma vez que estimula a solução pelos próprios colaboradores, a partir da busca por respostas significativas. É este o líder que delega e desafia sua equipe a ir além de suas próprias limitações, propondo leituras, filmes, cursos, visitas e  viagens enriquecedoras. Esse profissional estimula o olhar de sua equipe para o aprendizado contínuo, pratica o feedback como ferramenta de desenvolvimento, delega para desenvolver a equipe e transforma todas as situações em momentos de aprendizagem. Orienta, reorienta, ajuda na transformação pessoal e aproveita os possíveis erros, como formas de aprendizagem inigualáveis.

Em um mundo líquido e fragmentado, essa postura é muito bem vinda e introduz ou reintroduz o conceito de continuidade, que traz no seu bojo a sustentabilidade, a profundidade e a juventude eterna dos inconformados que não temem a mudança, pelo contrário, apoiam e valorizam o novo sem descartar o aprendizado adquirido, como um fertilizante que produz crescimento e inovação.

Ao finalizar este artigo percebo que ele mesmo contribuiu para a continuidade do meu desenvolvimento e deixa ainda várias portas entreabertas para seguirmos com os questionamentos, as reflexões e os aprendizados. Sou grata à oportunidade de escrevê-lo e acrescento esta ação às ferramentas de aprendizagem: escrever para registrar torna o aprendizado palpável e mais concreto no mundo líquido de Bauman.